quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Bullying


A escola é um ambiente essencial para o desenvolvimento do adolescente enquanto cidadão, devendo essa ser uma das principais instituições que estimule a capacidade intelectual e social de conhecimentos produzidos em sociedade. A escola deve ser uma referência de local seguro, prazeroso no qual o aluno possa conhecer a si mesmo e ao seu próximo. Nessa perspectiva, Abramovay (2005) acredita que a violência nas escolas se delineia como uma problemática que necessita de atenção, considerando principalmente a mídia e a crescente produção acadêmica sobre o tema, que cada vez mais repercute a “ideia” de que as escolas estão se tornando locais de agressões e conflitos.
A expressão violência escolar no Brasil desde os anos 1990 refere-se às agressões contra o patrimônio e contra pessoas/ alunos, professores, funcionários. Porém, os determinantes da violência são diversos e várias são as características que englobam essa prática como: as características do indivíduo (história de vida, idade, sexo, etc.), a instituição escolar, e os aspectos da sociedade que a envolve (etnia, igualdade de gênero, entre outras). Dessa forma, pode-se entender também que, a violência escolar é delineada por categorias específicas (bullying e cyberbullying), e compreende tanto a violência simbólica como a explícita, e nesse caso, é preciso ainda observar a localização dos acontecimentos, as pessoas e os papéis dos envolvidos, bem como a tipologia dos atos violentos, e a gravidade e a frequência das agressões (Stelko-Pereira & Williams, 2010).
Para Lopes Neto (2005) e Fante (2005) o termo bullying compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder.
O Bullying é um termo de tradição europeia e atualmente, é adotado por alguns países como Japão, Estados Unidos, e inclusive, o Brasil. A apropriação do termo inglês foi decorrente da dificuldade em traduzi-lo para várias línguas (Antunes & Zuin, 2010).
Uma prática de bullying geralmente é composta por personagens que podem desempenhar alguns papéis, tais como, autores, alvos ou testemunhas de comportamentos violentos e de suas consequências.
De acordo com Tauil, Costa e Rodrigues (2009), os autores de bullying não possuem um perfil padrão, portanto, não está em destaque à classe social, cultural ou intelectual do individuo.
Considera-se alvo o aluno exposto, de forma repetida e durante algum tempo, às ações negativas perpetradas por um ou mais alunos. Os alvos, geralmente sofrem as consequências do bullying e, na maioria das vezes são descritos como pouco sociáveis, inseguros, possuindo baixa autoestima, quietos e que não reagem efetivamente aos atos de agressividade sofridos (Lopes Neto, 2005). Esse grupo frequentemente, não está em posição de se defender ou procurar auxílio e na maioria das vezes se calam por medo de se expor perante os outros e ainda sofrem e não falam com ninguém, apesar de terem sido maltratados. Isso vem confirmar as dificuldades que muitas crianças e adolescentes têm para lidar ou enfrentar a violência que sofrem no interior da escola (Francisco & Libório, 2009).
Acerca das testemunhas, Lopes Neto (2005) afirma que são geralmente alunos que não sofrem nem praticam bullying, mas que convivem em um ambiente onde isso ocorre e o presenciam. O clima tenso que se estabelece com as ocorrências do bullying, leva as testemunhas a sentirem medo, angustia ou a ameaça de se tornarem os próximos alvos (Tauil, Costa & Rodrigues, 2009).
O bullying também é formado por tipologias as quais podem ser verbal, físico e material, psicológico e moral, sexual e virtual, este último é mais conhecido como cyberbullying. O bullying verbal possui características como insultar, xingar, ofender, fazer piadas ofensivas, etc.  O de tipo físico e material, inclui o comportamento de bater, chutar, espancar, ferir, e roubar. O psicológico e moral abrangem as práticas de irritar, humilhar, ridicularizar, isolar, ignorar, difamar, perseguir e chantagear, entre outros. O bullying sexual compreende condutas tais como abusar, violentar, assediar e insinuar (Silva, 2010).
O cyberbullying, uma nova extensão do bullying (Stelko-Pereira & Williams, 2010) que se configura através de agressões, ameaças e provocações premeditadas e repetidas contra uma vítima de estatuto semelhante, mas que tem dificuldade em defender-se. São realizadas com o recurso de dispositivos tecnológicos de comunicação, como aparelho celular, email, chat, blog, facebook, orkut, twitter, entre outros (Amado, Matos, Pessoa & Thomas, 2009).
O bullying assim como todo comportamento violento apresenta consequências diversas, e entre elas podem-se destacar sintomas psicossomáticos (dor de cabeça e dificuldade de concentração), transtorno do pânico, fobia escolar, fobia social, depressão, anorexia, bulimia e transtorno do estresse pós-traumático, que, sobretudo, geram traumas e podem perdurar dependendo da estrutura psicológica que o individuo possui levando-o a precisar de intervenção psicológica (Silva, 2010).
Esta visibilidade tem proporcionado muitas vezes tratando do tema de forma sensacionalista ou equivocada, o que acaba por confundir a opinião pública. Fato que pode gerar risco de generalizações - todos os problemas entre estudantes se tornam bullying, o que pode banalizar ou legitimar as ocorrências dessa prática. Por  isso,  é imprescindível  que  os  diversos  profissionais, familiares e os gestores das escolas tenham pleno entendimento, para que encaminhamentos, atendimentos e procedimentos não sejam equivocados (Fante, 2005).



Texto extraído do artigo “Bullying, um estudo sobre a violência com imagens fotográficas”  da acadêmica de psicologia da UFS Juliana Soares da Silva